sexta-feira, 10 de agosto de 2018

SAGARANA


Guimarães Rosa é um dos meus autores prediletos, um dos melhores escritores brasileiro de todos os tempos. Ele publicou inúmeras obras, todas sensacionais e hoje vou escrever sobre “Sagarana”, um livro muito interessante, que possui nove contos, que citarei mais abaixo. Grande contador de historias, João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo, cidade mineira em 27 de junho de 1908 e foi o primeiro dos seis filhos de D. Francisca, Chiquitinha, Guimarães Rosa e de Florduardo Pinto Rosa, mais conhecido por "seu Fulô" comerciante, juiz de paz, caçador de onças e contador de histórias.
O BURRINHO PEDRÊS Esta é a historia de Sete de Ouros, um burrinho decrépito que já fora bom e útil para seus vários donos. Esquecido na fazenda do Major Saulo, tem o azar de ser avistado numa travessia pelo dono da fazenda, que o escala para ajudar no transporte do gado. Na travessia do Córrego da Fome, todos os cavalos e vaqueiros morrem, exceto dois: Francolim e Badu; que conseguem se salvar, um montado e outro agarrado ao rabo do Burrinho Sete de Ouros.
A VOLTA DO MARIDO PRÓDIGO
Outro conto do livro é sobre Lalino, um típico malandro que não aprecia o trabalho, apenas a boa vida. Abandona o serviço na estrada de ferro e vai para o Rio de Janeiro, largando sua mulher, Maria Rita, a Ritinha, na região. No seu retorno, a encontra casada com o espanhol Ramiro. Lalino torna-se cabo eleitoral do Major Anacleto, que, graças a ele, ganha a eleição. Laio, como também é conhecido, reconcilia-se com Maria Rita no fim do conto.
SARAPALHA
Esta é a  história de dois primos, Ribeiro e Argemiro, que foram contaminados pela malária que se espalhou no vau de Sarapalha. Os dois primos estão solitários na região, já que parte da população morrera e os demais fugiram, entre os quais a mulher de Ribeiro, Luísa. O primo Argemiro, imaginando que não sobreviveria à doença e querendo ter a consciência tranqüila na hora da morte, confessa o interesse pela esposa do Ribeiro.  Esta confissão não agradou ao primo Ribeiro, reage à confissão de forma agressiva e expulsa Argemiro de suas terras, sem nenhuma complacência.
DUELO
Turíbio flagra sua mulher, Silvana, com o ex-militar Cassiano Gomes. Turíbio, com o intuito de vingar sua honra, confunde-se e acaba matando o irmão de Cassiano Gomes.  Desesperado, Turíbio foge para o sertão e é perseguido pelo ex-militar. Nessa disputa, os dois alternam os papéis de caça e de caçador. Cassiano adoece e, antes de morrer, ajuda um capiau chamado Vinte e  Um, que passava por dificuldades financeiras e em troca pede para ele vingue a morte de seu irmão. Turíbio, ao saber da morte de Cassiano volta para casa e é surpreendido por Vinte e  Um, que o executa para vingar seu benfeitor.
MINHA GENTE Conta a história de Emilio, que é apaixonado por sua prima Maria, além de o problema de serem primos, Maria não corresponde ao amor de Emilio, pois ela amava Armando, então ele no intuito de fazê-la sentir ciúmes finge estar namorando com outra mulher.O autor desenrola neste conto, uma situação bastante presente nos dias atuais. O amor não correspondido.
SÃO MARCOS
Este conto é sobre José, um homem supersticioso, mas que mesmo assim zomba dos feiticeiros do Calango-Frito, em especial de João Mangolô. Izé, como é conhecido, recita por gozação a Oração de São Marcos para Aurísio Manquitola, que lhe custou uma dura repreensão por banalizar uma prece tão poderosa.
Certo dia, caminhando no mato, Izé fica subitamente cego e passa a se orientar por cheiros e ruídos. Perdido e desesperado recita novamente a Oração de São Marcos. Guiando-se pela audição e pelo olfato, descobre o caminho certo: a cafua de João Mangolô. Lá, tenta estrangular o feiticeiro e, ao retomar a visão, percebe que o negro havia colocado uma venda nos olhos de um retrato seu para vingar-se das constantes zombarias.
CORPO FECHADO
O conto agora é sobre Manuel Fulô, um contador de histórias que se faz de valente, e é dono de uma mula cobiçada pelo feiticeiro Antonico das Pedras-Águas. Este, por sua vez, tem uma sela desejada por Manuel. Enquanto o Manuel se gaba de sua invejada valentia, o verdadeiro valentão do pedaço, Targino, aparece e anuncia que dormirá com a noiva de Manuel.   Desesperado, Manuel, o desafia para um duelo.  O feiticeiro visita Manuel Fulô e promete fechar-lhe o corpo, em troca da mula. Após o trato, há o duelo, o feitiço parece funcionar e Manuel vence a batalha e perde a mula.
CONVERSA DE BOIS
Guimaraes Rosa nos conta a viagem de um carro de bois, com oito animais, que leva uma carga de rapadura e um defunto. À frente vai Tiãozinho, o guia, lamentando a morte de seu pai, ali transportado. Tiãozinho que se tornara, após a morte de seu pai, dependente de Agenor Soronho, o dono da boiada. Homem cruel maltratava o menino e havia transado com a mãe de Tiãozinho, durante a doença do pai.  Os maus tratos com o menino são tantos que os bois comentam entre si as atitudes do carreiro Agenor. Para exibir seus talentos como carreiro, obriga, de forma cruel, os bois a superar a ladeira onde a carroça de João Bala havia tombado. Superado o obstáculo, os bois, furiosos, aproveitam-se do cochilo de Agenor e puxam bruscamente a carroça, matando seu algoz.
A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA Augusto Esteves Matraga, um poderoso fazendeiro da região, impunha um modo ditatorial no vilarejo em que vivia. Com a morte de seu pai e com a vida desregrada que levava perdeu todos os bens, sendo uma parte para seu inimigo, Major Consilva que, no passado também fora inimigo de seu avô Matraga. Indignado com a situação, Augusto Esteves vai à casa do Major Consilva, que o aprisiona e manda que seus capangas o marquem a ferro e o matem. Augusto depois de ser espancado e marcado a ferro no glúteo se joga em um em um rio para se livrar da morte. Julgando-o morto, sua A sua mulher, Dinorá e sua filha também vão morar com Ovídio Moura.
Um casal de negros encontra Augusto moribundo e cuidam de seus ferimentos físicos e espirituais. Augusto decide abandonar a antiga vida e muda-se, com o casal, para o único chão de terra que restara de sua herança. Em Tombador, torna-se um homem de bem, trabalhador e honesto.
Quando um jagunço conhecido e temido do sertão, Joãozinho Bem-Bem, aparece na região, os dois se tornam amigos. Mas a Augusto e o jagunço se desentendem e pressentindo que chegara sua “hora e vez”, Augusto decide sair de Tombador e acaba encontrando Joãozinho Bem-Bem que estava no local para executar, por vingança, uma família da região. Augusto intervém, pedindo que o jagunço desista da execução, mas ele recebe a atitude do amigo como uma afronta e em um duelo, ambos morrem.
Um livro fantástico, que demonstra ao leitor contos, que se lidos com atenção, uma mensagem para toda a vida.
Recomendo a todos.

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