sexta-feira, 10 de agosto de 2018

O Livreiro de Cabul


Hoje fiquei com vontade de escrever sobre um livro que li quando estava no topo da lista dos mais vendidos, "O Livreiro de Cabul". O enrendo do livro transcorre no dominio dos Talibâ, no Afeganistão. É uma reportagem fantastica sobre aquele povo sofrido pela guerra e por todas as dificuldades impostas por um regime politico incompativel com a nossa realidade.
Esta obra foi escrito por Åsne Seierstad, uma jornalista norueguesa nascida em 10 de fevereiro de 1970. Formada em filologia russa e espanhola e em história da filosofia pela Universidade de Oslo,  atua como correspondente de guerra desde 1994 e nesta atividade cobriu diversos confrontos internacionais para meios de comunicações escandinavos, holandeses e alemães, o que lhe rendeu prestigiosos prêmios, entre os quais o Free Speech Award,em 2002, e o Grande Prêmio Norueguês de Jornalismo, em 2003. Cobriu a invasão do Afeganistão e a Guerra do Iraque em 2003.
No livro, o personagem principal, Sultan Khan, é inspirado em um livreiro de carne e osso, que enfrentou poucas e boas para garantir o funcionamento de suas livrarias durante o Talibã. Embora tivesse um comportamento liberal e progressista na área da cultura, Sultan Khan dirigia a família com mão de ferro, seguindo os preceitos do fundamentalismo islâmico no trato com as esposas e filhos.
Sendo bem objetiva nos argumentos, a autora não esconde a admiração que aprendeu a sentir pelo patriarca do clã que a hospeda na tumultuada Cabul de muitas guerras civis e invasões. Mesmo admitindo que algumas ações de seu anfitrião são condenáveis sob o ponto de vista da sociedade na qual foi educada, Asne não deixa de mostrar um outro ponto de observação pelo qual o leitor pode tecer suas próprias considerações.
Boa parte das ações humanas se origina na zona cinzenta que faz o ponto de intersecção entre a luz e a sombra. Pena que a família do livreiro não gostou do resultado, ou se arrependeu de deixar alguém devassar sua intimidade.
Sem esconder a opressão vivida pelas mulheres afegãs, tema largamente explorado na literatura e amplamente mostrado na mídia, ela investe em esmiuçar outro ângulo da mesma questão, revelando que as relações de gênero no Afeganistão são bem mais complexas do que sonha a vã filosofia maniqueísta da cultura ocidental. Os homens de lá também vivem oprimidos, tanto por regimes que cerceiam as liberdades civis, quanto pelo peso da tradição.
Um tema muito explorado é as repressões sofridas e a desigualdades, tratando as mulheres com inferioridade extrema perante aos homens, ela investe em relatar outro ângulo da mesma questão, revelando que as relações de gênero no Afeganistão são bem mais complexas do que sonha a vã filosofia maniqueísta da cultura ocidental. Os homens de lá também vivem oprimidos, tanto por regimes que cerceiam as liberdades civis, quanto pelo peso da tradição.
Um livro espetacular, pois Åsne Seierstad consegue em cerca de 300 paginas, passar todo seu estudo antropológico de forma com que o livro não se torne maçante para o leitor.

Muito Bom.

Recomendo a todos.

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