sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Auto da Barca do Inferno


Auto da Barca do Inferno é um dos livros mais lidos e comentados o grande autor Gil Vicente, pois ele consegue em um teatro mostrar como seria a decisão de quem vai para o céu e quem vai para inferno, sendo representado por Anjo e o Diabo, respectivamente.
Por este teatro passam diversos personagens, cada um com sua história, com seus acertos e erros, porém todos estão agora diante de Anjo e do Diado para através do julgamento, decidir vossos caminhos.
Fidalgo Anrique é o primeiro, trazendo consigo um pajem carregando uma cadeira com encosto e ricamente vestido. Mas este acessório não interfere em nada é um julgamento moral, ou seja, o dinheiro não tem importância alguma. Diabo é o primeiro a receber as almas, convida o fidalgo a entrar na barca, ao saber do destino ele zomba. Por ter deixado alguém que rezasse por ele queria ir para o Céu, porém que ao ser rejeitado pelo anjo ele mostra certa humildade quando se arrepende da vida vazia que levou. Pois o que havia o levado a condenação foi a tirania, a frieza e a soberba.
O próximo é o Onzeneiro Ambicioso. Este é condenado pela avareza e ganância, traz consigo uma grande bolsa onde guardava o dinheiro que roubava das pessoas quando vivo, era agiota. O Diabo o cumprimenta alegre, mas Onzeneiro se recusa a entrar nesse batel, mas é despedido pelo anjo que condena por ele ser muitíssimo ambicioso.
A próxima alma a chegar é o Parvo. Sem saber o que estava acontecendo, ele é recebido pelo diabo, que usa diversos argumentos para convencê-lo de entrar em vossa barca. Ao descobrir o destino da barca infernal, o parvo xinga o diabo e vai até a barca da glória. Ao chegar, o parvo diz não ser ninguém, mas pela sua humildade, modéstia e honestidade, a sua sentença é a glorificação.
Agora quem entra em cena para o julgamento é o Sapateiro, que traz consigo tudo o que sempre utilizou para efetuar seu trabalho. Ao saber o destino da barca do inferno, ele recorre ao anjo, mas sua tentativa é nula, pois foi condenado por roubar o povo com seu ofício durante 30 anos e por sua falsidade religiosa.
O próximo é Frade que chega ao julgamento alegre e confiante, acompanhado de sua amante e usando roupas sacerdotais por cima de uma roupa de esgrima, esporte no qual se considerava muito ágil, é convidado pelo Diado a entra na barca infernal. Achando tal proposta absurda recorre ao Anjo, que ao menos o concede a palavra e o condena ao Inferno pelo sua falsidade religiosa.
Agora era a vez Brísidia Vaz, uma mulher atraente, mas muito má, Brisidia era uma mistura de feiticeira, cafetina, entre outros. Tinha em si um forte poder de sedução. Ao chegar ao julgamento é recepciona pelo Diado que a chama para adentrar a barca do inferno, no entanto ela sente que existe possibilidades de conseguir entrar na barca do Céu, então vai até o Anjo e tentando utilizar todo seu chamar o pede para que a deixe entrar em vossa barca. O Anjo muito sábio, percebe e a condena por prostituição e feitiçaria.
A seguir, é a vez do judeu, que chega acompanhado por um bode. Mudando um pouco dos pedidos dos anteriores, ele pede para ingressar na barca do inferno, mas lá até o Diabo o recusa, não contente o judeu, muito rico, tenta suborna o Diabo que sem ceder continua a recusa-lo. O judeu fala então com o anjo, porém não consegue aproximar-se dele: é impedido pelo Parvo, que o acusa de não aceitar o cristianismo. Por fim, o diabo aceita levar o judeu e seu bode, mas não dentro de sua barca, e, sim, rebocados.
O corregedor e o procurador, representantes da justiça, chegam a seguir, trazendo diversos livros e processos. Quando convidados pelo diabo para entrar na barca, usufruindo de todo o poder de argumentação começam a elaborar suas defesas, então se encaminham ao Anjo. Na barca do céu, o anjo os impede de entrar: são condenados à barca do inferno por manipularem a justiça em benefício próprio. Ambos farão companhia à Brísida Vaz, revelando certa familiaridade com a cafetina, o que nos faz crer em trocas de serviços entre eles e ela.
O próximo a chegar é o enforcado, que acredita ter perdão para seus pecados, pois em vida foi julgado e enforcado. Mas também é condenado a ir ao inferno por corrupção. Assim se encerrar o julgamento.

Um livro fantástico.

Recomendo a todos.

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