“Macunaíma” foi escrito pelo paulista Mário Raul de Moraes Andrade, mais conhecido como Mário de Andrade. Ele nasceu no dia 9 de outubro de 1893 e iniciou seu trabalho na literatura bem cedo, em críticas escritas para jornais e revistas. Já em 1917 publicou o primeiro livro "Há Uma Gota de Sangue em Cada Poema". Foi o início de uma carreira repleta de obras, dentre elas “Macunaíma”.
Grande Otelo em Macumaima |
Por artes da cutia, que lhe dá um banho de água envenenada de mandioca, Macunaíma se transforma em homem, mas sua cabeça, a única parte do corpo que não fora molhada, fica pequena. Um dia sai à caça e encontra uma veada com cria e a mata. Fora uma peça que Anhangá lhe pregar a, pois ao aproximar-se do animal morto vê que é a própria mãe. Aflito, chama Maanape, Jiguê e Iriqui e todos choram muito.
frutos da arvore guaraná |
Após a morte da mãe, partem sem rumo em busca do destino, Macunaíma encontra CI, a Mãe do Mato, rainha das icamiabas [uma tribo de 'mulheres sozinhas', ou amazonas] e a possui, transformando-se, em virtude disto, em Imperador do Mato-Virgem. A viagem continua e Ci, que os acompanha, ao final de seis meses tem um menino de cor encarnada e cabeça chata. Uma cobra morde o peito de Ci e o filho que ela amamentava suga o seu leite e morre. Depois do enterro do menino, Ci entrega a Macunaíma uma muiraquitã (amuleto confeccionado em jadeíte, nefrite, ordósia, diorite, estratite ou pedra-cristal), e sobe aos céus, utilizando-se de um cipó. Ao visitar o túmulo do filho no dia seguinte, Macunaíma vê que sobre ele nascera uma planta: era o guaraná.
Continuando a caminhada, Macunaíma e os irmãos enfrentam a boiúna Capei . Na fuga, o herói perde o amuleto que ganhara de CI. Embora procurem muito não o encontram. O Negrinho do Pastoreio (outro personagem do lendário brasileiro) envia a Macunaíma um uirapuru e este revela que a sua pedra-amuleto está nas mãos de Wenceslau Pietro Pietra, um regatão peruano que mora em São Paulo. Macunaina parte à sua procura. Junto com os irmãos.. No dia seguinte Macunaíma vai à ilha de Marapatá para ali deixar sua consciência e reunir o maior número possível de bagos de cacau, que têm valor de dinheiro. Ali encontra uma poça de água, que, por ser a marca do pé de São Tomé - o apóstolo que andara pela América -, é encantada. Macunaíma entra nela e fica branco. Jiguê também se banha, mas fica de cor vermelha, porque a água estava suja. E Maanape, como a poça ficara quase seca depois do banho de seus irmãos, consegue branquear apenas as palmas das mãos e dos pés, daí se explica, pelo texto do autor, o surgimento das raças brancas, o ruivo e o negro.
Chegam a São Paulo, procuram Wenceslau Pietro Pietra, que na verdade é Piaimã, o gigante comedor de gente. Piaimã mata Macunaima e faz torresmo para comer com polenta. Porém Maanape, seu irmão, com a ajuda de uma formiga e de um carrapato, consegue fazê-lo reviver, salvando-o do gigante. Aqui já se nota toda a versatilidade e inteligência do autor que mostra o personagem inventando o futebol e conversando ao telefone. Macunaíma telefona a Piaimã, e marca um encontro com ele e, travestido de mulher, vai à casa do gigante, que começa a namorá-lo e lhe mostra a muiraquitã, comprada, segundo diz, da imperatriz das icamiabas. Macunaíma, assustado com as pretensões do gigante, resolve fugir. Mas Piaimã o agarra e o coloca num cesto. O herói consegue fugir de novo e é perseguido por um cachorro do regatão e pelo próprio, até chegar à Ilha do Bananal, onde se esconde em um formigueiro. Em determinado momento, quando o gigante já está fora de si e ameaça colocar uma cobra no formigueiro, Macunaíma põe fora o seu pênis e Piaimã, sem dar-se conta, o agarra e o joga longe. O herói, é claro, vai junto até chegar a São Paulo novamente.
Aborrecido por não ter recuperado amuleto, Macunaíma vai ao Rio de Janeiro pedir proteção a Exu, em um terreiro de macumba, no Mangue, onde Tia Ciata é mãe-de-santo, onde ele é consagrado filho de Exu. Macunaíma pede vingança contra o gigante Piaimã. Exu promete ajudar o herói e faz o gigante sofrer no corpo de uma polaca que estava incorporada.
Em seguida, por vingança da árvore Volomã, que lhe negara os frutos, Macunaima diz algumas palavras que irrita a arvore e então ele é lançado em uma pequena ilha deserta da Baía da Guanabara. Lá chega então Vei, a Sol, com suas três filhas e vão numa jangada para o Rio de Janeiro. Ela deseja casar uma de suas filhas com Macunaima e pede a ele eu se comporte, mas ele não agüenta. Arruma uma namorada portuguesa, o que irrita Vei, que queria que ele se casasse com uma de suas filhas, em troca, ficaria jovem para sempre, caso contrario envelheceria igual a todos.
Macunaíma fica durante o dia na jangada com a portuguesa e a noite dorme em um banco, no Flamengo. Uma noite vê uma assombração que come a portuguesa. Macunaima escreve então uma para as icamiabas, contando sob re os costumes dos habitantes da cidade e pedindo-lhes dinheiro, bagos de cacau, pois gastara todo o que trouxera consigo, principalmente com as prostitutas paulistas, que cobram caríssimo pelo seu amor.
Piaimã, que ficara doente com a surra que levou de Exu cuida muito bem do amuleto, mantendo-o protegido todo instante. Macunaíma não consegue recuperar ainda o seu tesouro. Tempos depois ele se envolve em um tumulto de rua, é preso e consegue fugir. Depois de um bom tempo, após se recuperar de uma doença e ainda atrás do seu amuleto, ele encontra um macaco, que está comendo coquinhos, mas diz que aquilo são seus testículos. Macunaíma acredita e, devido à grande fome, pega uma pedra e esmaga os seus, morrendo e ressuscitando em seguida.
Macunaíma não abandona seu gosto pelas mulheres e rouba Suzi, a nova mulher de Jiguê, seu irmão, arrumara. Certo dia Maanape, seu outro irmão, fica sabendo que Wenceslau Pietro Pietra, o gigante que come gente, voltara da Europa. Macunaíma tenta recuperar seu amuleto, mas o gigante é forte e agarra o chofer do carro em que Macunaíma chegara. O chofer cai em uma água de macarrão fervendo. Macunaíma luta com o gigante e consegue enganá-lo, fazendo com que caísse no tacho com água quente, matando o gigante e recuperando o muiraquitã.
Voltando pra casa, quase no final da viagem, cheia de muitas aventuras seus irmãos, Maanape e Jiguê morrem. Macunaíma consegue chegar à antiga tapera, No entanto, atacado de acontecimentos ruins, vive triste e só, tendo como companheiro apenas um papagaio, um aruaí falador, ao qual o herói, ao passar dos dias, vai contando suas aventuras. Certo dia em janeiro, sofrendo intensamente com o calor, Macunaíma não resiste e se atira em uma lagoa, onde é atacado por um cardume de piranhas. Estas lhe comem os lábios, onde sempre trazia pendente a muiraquitã.
A pedra desaparece novamente e Macunaima já desgostoso e desanimando com a vida, planta um cipó, sobe ao céu e se transforma na Constelação da Ursa Maior. A terra do Uraricoera durante um longo tempo ficara deserta. Mas em certa ocasião, um homem chega até lá e ouve uma voz.
É o aruaí falador, velho companheiro de Macunaíma. O papagaio conta ao homem toda a saga do herói e em seguida voa para Lisboa. Este homem era nada mais nada menos que Mário de Andrade.
Mario de Andrade |
Recomendo a todos.
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