sábado, 9 de julho de 2011

Fogo Morto

José Lins do Rego











“Fogo Morto” é um melhores livros de José Lins do Rego, nascido na Paraíba, na cidade de Pilar no dia 3 de junho de 1901, foi ao lado de Graciliano Ramos e Jorge Amado os maiores romancistas regionalistas brasileiros da literatura mundial.

O livro tem seu enredo dividido em três partes, a primeira retrata a vida de José Amaro; a segunda do Engenho Santa Fé e a terceira do Capitão Vitorino.

A história do mestre José Amaro, um artesão que lida com couro, mora nas terras do engenho Santa Fé, pertencente ao coronel Lula de Holanda Chacon. José Amaro é um homem amargurado e sofrido que se colocas contra a prepotência dos senhores de engenho através de uma altivez que beira a arrogância. O desprezo que sente pelos “coronéis” leva-o a firmar-se como informante do bando de cangaceiros chefiado por Antonio Silvino. Assim, ele manifesta sua rejeição aos poderosos e à ordem constituída

José Amaro administra sua humilde casa no regime patriarcal da época, onde somente a palavra do homem tinha valor. Ele, com freqüência, maltrata sua esposa Sinhá, e, sobretudo sua filha, Marta. Ela já tinha 30 anos e continuava solteira. Esta solidão deixa a filha de José Amaro em estado de depressão, com crises nervosas.  O livro conta uma passagem em que, José Amaro espanca violentamente sua filha em meio a uma dessas crises. A partir deste dia, Marta vive alienada do mundo, falando coisas sem pé e sem cabeça. Cada vez mais infeliz, o mestre seleiro caminha à noite pelas estradas próximas, ruminando as suas frustrações. O povo da região passa ver nele a encarnação de um lobisomem e o evita cada vez mais. O destino de José Amaro se decide apenas na terceira parte do livro.

Na segunda parte do livro, o autor narra à história do Engenho Santa Fé, do ao coronel Lula de Holanda Chacon, um representante da aristocracia decadente da época, que conseguira a posse da propriedade através do casamento com Amélia, filha do poderoso capitão Tomás Cabral de Melo. “Seu” Lula, como é conhecido, é prepotente e mesquinho e trata tão mal seus escravos que após a Abolição da Escravatura, eles abandonam O Engenho Santa Fé.

Lula, desinteressado das questões práticas, administra pessimamente o engenho, e em dado momento, o engenho já não consegue produzir açúcar levando-o a rapidamente a falência. A sobrevivência da família fica restrita à criação de galinhas e à produção de ovos, das quais se encarrega Amélia, sua esposa.

No entanto, mesmo falido, Lula de Holanda Chacon mantém a postura de grande senhor, traduzida no cabriolé (pequena carruagem de luxo) com que percorre as estradas, sem cumprimentar ninguém. Autoritário, impede que sua filha Neném namore um rapaz de origem humilde. Esta, condenada a permanecer solteira, fecha-se sobre si própria e torna-se alvo de riso e deboche da vizinhança. Enquanto isso, alienado dos problemas econômicos que causam a derrocada de seu mundo, Lula entrega-se às práticas místicas, sob influência de Floripes, um negro que era seu afilhado. Coube a mulher de Lula de Holanda, D. Amélia, a compreensão lúcida e triste do fim de tudo. O Engenho Santa Fé acabara-se

Neste livro, José Lins do Rego, conta também a historia do personagem Capitão Vitorino, um pequeno proprietário de terras que vive de maneira modesta. Oriundo de famílias tradicionais da região açucareira, as quais já pertenceu socialmente, que embora nas duas primeira partes do livro seja uma figura inexpressiva a ponto ser apelidado de Papa-Rabo pelos moleques da região.  

Na terceira parte do romance Fogo Morto, o Capitão Vitorino passa para a condição de um homem idealista que o leva investir contra tudo aquilo que lhe parece injustiça, sem medir a força do inimigo, nem pesar as conseqüências de suas ações.  Contesta o poder absoluto dos senhores de engenho, da polícia militar e até dos cangaceiros, e defende ideais éticos que parecem inviáveis na vida cotidiana da região.

Vitorino acredita que somente pelo voto, possa instaurar uma ordem institucional num meio em que a única lei é o arbítrio dos latifundiários. Sua forma de vida simples em contraste com os seus pensamentos não lhe retira a grandeza humana e literária. Ao contrário, fazem parte de sua personalidade multifacetada.

Somente falar dos personagens pode tornar o livro sem graça e na terceira e última parte do romance predomina a ação. O cangaceiro Antônio Silvino invade a cidade do Pilar, saqueia as casas e lojas. Invade o engenho Santa Fé, ameaça os moradores em busca do ouro escondido.


Na luta para defender o Engenho Santa Fé, Vitorino é agredido e só não é morto graças à intervenção de José Paulino, dono do Engenho Santa Rosa. Vitorino também é agredido pela polícia, que na ocasião o prende, bem como a José Amaro e seus companheiros.

Quando libertados, Vitorino e o mestre José Amaro seguem rumos diferentes. Capitão Vitorino pensa em entrar para a política e Mestre José Amaro, que fora abandonado pela mulher e ter internado sua filha num hospício, desiste da vida, suicidando-se. Lula continua no seu devaneio, na falsa ilusão do poder que já não existe mais. O Engenho Santa Fé já estava em “fogo morto”, expressão que era dada aos engenhos que paravam de produzir o açúcar, a partir da moagem da cana.



Um livro fabuloso.

Recomendo a todos.


Fonte de fotos: Google

Um comentário:

  1. Muita bacana seu blog. Eu estou lendo esse livro e estou achando bem interessante!

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