segunda-feira, 23 de maio de 2011

A CIDADE E AS SERRAS



 “A Cidade e as Serras” foi publicado em 1901, um ano depois da morte de Eça de Queiroz, escritor extraordinário que representa muito para a história de Portugal. Foi ele que implantou o Realismo, trazendo assim uma nova escola literária para Portugal, berço de muitos dos melhores escritores do mundo da época.

O livro conta a história de Jacinto,  um rapaz riquíssimo, que vivia numa maravilhosa mansão, nos Campos Elíseos 202 em Paris.  Esta propriedade primeiro pertencera a seu avô, depois ela foi passada ao seu pai, e assim sucessivamente.  Jacinto tinha como seus grandes amigos Zé Fernandes e o negro Grilo. Ele acreditava que o homem só é feliz quando é bem civilizado, sendo assim, abominava a vida no campo, amava e glorificava a cidade e seu ritmo. Seu amigo, Zé Fernandes, chamado pelo seu tio, parte para Guiães, na casa de seus parentes nas serras e Jacinto lamentou pelo amigo e assim ficaram separados por sete anos.
Quando da sua chegada, Zé Fernandes, encontrou o amigo Jacinto abatido e tomado pelo tédio de viver em uma mansão e ter uma vida cheia de “civilização”. Jacinto estava cansado de elevador, milhares de volumes de livros, abotoadores de sirolas, relógio com o horário de todas as capitais do mundo e as órbitas dos planetas. A vida seguia em meio a todas essas modernidades.
Em certa ocasião Jacinto recebeu uma carta que informava que o local em Tormes onde estavam enterrados seus avôs e o resto da família havia desmoronado e Jacinto ordenou a construção de um novo local para colocar os mortos.
A vida de Jacinto, no seu dia a dia estava cada vez mais enfadonha. Ele aquela vida, os bailes, como era realizados para o Grão Duque, já não o satisfaziam mais e os passeios que faziam aos bosques da região também não.
Foi então que ele anunciou sua partida para o campo, com a intenção de presenciar a cerimônia em homenagem aos seus familiares com a construção do novo mausoléu feito para seus antepassados. Para atender suas necessidades de civilização, a casa foi preparada para atendê-lo e vários artefatos foram enviados às serras onde a fazenda se localizava
. Partiu em abril e junto com ele José Fernandes e Grilo. Depois de uma longa jornada, chegaram a Tormes, no entanto nada estava pronto nem mesmo a chegada deles era esperada e para piorar a situação suas malas haviam sido perdidas, mesmo assim instalaram-se na fazenda.
No dia seguinte José Fernandes foi pra Guiães, que era a fazenda vizinha e com o propósito de mandar algumas roupas para Jacinto para que pudesse embarcar de volta , mas Jacinto resolve se instalar na fazenda e não ir embora e passou a reformá-la totalmente.
Quando chegou o dia da cerimônia do reenterro dos mortos, Jacinto veio saber que na verdade nenhum deles era seu parente. Foi um choque para Jacinto, mas sem poder fazer nada, resolve seguir a vida.
Jacinto passou a viver na fazenda, mas com certa mordomia, mas nada se comparando as modernidades que tinha em Paris.
Instalara-se de tal forma que planejou a criação de rebanhos destinados à queijaria que queria construir, mas desistiu do projeto e acabou mesmo foi fazendo uma reforma diferenciada, podia se dizer que foi uma reforma caridosa.
Construiu novas casas para os trabalhadores da fazenda e aumentou os seus salários. Planejou a construção de uma farmácia, uma biblioteca e uma creche, e com isso tornou-se popular entre a população dali.
No aniversário do seu amigo José Fernandes, Jacinto foi para Guiães onde seria realizado  um pequeno baile em comemoração a data. A festa foi meio tensa por que muitos achavam que Jacinto participava do Miguelismo, um partido político absolutista e de extrema direita.
No dia seguinte à festa José Fernandes levou Jacinto até a fazenda do pai de sua prima Joana, a quem ele queria apresentar na festa, mas não pode, pois a moça não havia comparecido, pois seu pai estava com um furúnculo e precisava dela. Conheceram-se e depois de cinco meses se casaram.
Daí nasceu dois filhos Terezinha e Jacinto.
Depois de casado, Jacinto passou a morar em definitivo na fazenda e por muitas vezes quis levar a família para conhecer Paris, mas a viagem era sempre adiada pelos mais diversos motivos. Assim o tempo passava, na casa da fazenda, onde , notava-se uma presença maior de modernidades, mas nada exagerado.
José Fernandes, seu amigo, então voltou a Paris, mas não por muito tempo, pois logo que chegou viu como era horrorosa e desagradável a capital francesa. Ele chegou a encontrar com diversos amigos, que permitiu que ele notasse que na havia mudado e que a rotina de outrora continuava a mesma. Ele volta então às serras, e fica junto com Jacinto e sua família. 

Um livro fantástico.
Recomendo a todos.

Um comentário:

  1. É impressionante as discrições das paisagens nesta obra, parece que as estamos a vê-las.
    Não deixa de ser curioso como muitos anos após a publicação desta obra, estudos apontam que nas sociedades desenvolvidas além de as pessoas viveram com muito mais luxos, são muito menos felizes do que nas sociedades menos desenvolvidas, é impressionante a quantidade de pessoas que no ocidente tomam anti-depresivos. Neste ponto, Eça estava 100 anos a frente desses estudos.

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